foto tirada daqui
Mar novo
António Cagica Rapaz
Os pescadores costumavam sentar-se nos degraus, ao pé da Sopa, a olhar as ondas repetidas de vendavais intermináveis enquanto a miudagem lançava estrelas que subiam muito no céu escuro, iam mais longe do que os sonhos de esperança daqueles homens para quem o mar era a vida e, às vezes, a morte.
António Cagica Rapaz
Os pescadores costumavam sentar-se nos degraus, ao pé da Sopa, a olhar as ondas repetidas de vendavais intermináveis enquanto a miudagem lançava estrelas que subiam muito no céu escuro, iam mais longe do que os sonhos de esperança daqueles homens para quem o mar era a vida e, às vezes, a morte.
Hoje o mar não é o mesmo, nem os homens. O mar é menos cruel mas menos pródigo também. Os homens souberam meter as mãos pelas entranhas do mar até lhe arrancarem o último peixe dourado e já não temem os vendavais agora transformados em pausa apetecível. Acabou a angústia de esperar o fim da tempestade para retornar à faina, matar a fome aos filhos. O mar cansou-se e encosta-se de mansinho aos rochedos, adormece antes do Verão para os barcos de cruzeiro, para o turismo. Os homens deixaram de olhar o mar e observam os que vêm contemplá-lo, saborear o sol que brilha no céu limpo das nuvens negras de outrora. O mar não galgou a muralha, mas o novo mar é em terra onde há cada vez mais pescadores e peixes mais ou menos frescos. Neste mar novo não há arrais demasiado exigentes e tudo o que vem à rede é peixe…
1980
1980
" Neste mar novo não há arrais demasiado exigentes e tudo o que vem à rede é peixe"...
ResponderEliminarQuem, senão o autor, para tão bem definir os dias de hoje?
BOA NOITE, Ó MESTRE!
Com efeito, quem...?!!!
ResponderEliminarBoa noite, Ó Mestre!