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sexta-feira, 6 de maio de 2011

LÍBERO E DIRECTO, 8



Record

António Cagica Rapaz

Não me lembro como aconteceu, sei apenas que estávamos em 1972 e eu deixara de escrever no Diário de Lisboa. O convite surgiu e, com ele, o Artigo Indefinido.

Naquela altura, o Record estava a atravessar uma fase muito interessante, servido por uma equipa de muita qualidade. O director era Artur Agostinho e o chefe de redacção Mário Zambujal. De Londres viera, pouco tempo antes, o Hernâni Santos, a tradição era assegurada pelo eterno e tranquilo Paula Bastos, sendo a equipa de redactores composta por nomes conhecidos como Carlos Arsénio, Luís Rodrigues, Eduardo Castro, Humberto Vasconcelos, Carlos Nogueira e Fernando Correia que tinha o outro pé na Emissora Nacional. Davam os primeiros passos no jornalismo, Carneiro Jacinto e Sena Santos.

Como gostava do Bairro Alto, ia muitas vezes ao jornal e apreciei o convívio com aquele grupo. Eu era um curioso que escrevia umas coisas, enquanto estava na tropa e decorria o processo com o Belenenses. Um dia, em vésperas do Festival da Canção, lembrei-me de que podia ser curioso juntar o Toni e o José Cid, que são conterrâneos, e pôr cada um a falar da actividade do outro, misturando música e futebol, campeonato e festival. Sugeri, foi aceite, combinei tudo, escrevi a introdução, faltava só a conversa. Por impedimento militar, não pude completar a missão que foi confiada ao Sena Santos. Este jovem efectuou o serviço, publicou e assinou com todas as letras sem a menor referência ao pai da ideia e autor da introdução.

Foi uma nota discordante naquele ambiente muito cordial que me dava verdadeiro prazer partilhar, brincando aos jornalistas.

Um dia, resolvi pôr a fotografia e o nome do meu sobrinho (que tinha dois anos e meio) como sendo o autor da crónica. A princípio, a reacção foi negativa, mas acabaram por aceitar, e a brincadeira teve algum êxito. Intitulava-se a peça O tio é amigo e era a forma como o João Pedro me abordava quando suspeitava que eu lhe ia ralhar. Psicologia eficaz, devo admitir…

Mais tarde, de França, ainda mantive uma colaboração espaçada. Os tempos eram outros, o Bairro Alto começava a mudar, a magia rompera-se…

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